quarta-feira, 6 de abril de 2011

O ANO DAS FLORESTAS

Dom Itamar Vian

Por iniciativa da Organização das Nações Unidas, 2011 foi declarado o Ano Internacional das Florestas. O objetivo é chamar atenção da opinião pública mundial para a lastimável situação do planeta e sua biodiversidade. A preocupação não é de hoje. A ONU, em 2003, alertou sobre o problema da água em nível mundial; em 2009, sobre a biodiversidade.

A INICIATIVA mundial inclui a promoção de ações que incentivem a conservação e a gestão sustentável de todos os tipos de florestas do planeta, além de mostrar à população que a exploração das matas sem manejo sustentável pode causar uma série de prejuízos, como a perda da biodiversidade, o agravamento das mudanças climáticas, migrações desordenadas para áreas urbanas e o crescimento da caça e do desmatamento ilegal.

AS FLORESTAS cobrem, atualmente, 31% do planeta Terra e são responsáveis diretas pela vida de 1,6 bilhão de pessoas. Se a humanidade não repensar com urgência as próprias atitudes, uma série de dolorosas conseqüências será sentida num futuro próximo. A perda da biodiversidade, as mudanças climáticas, os assentamentos clandestinos, as diferentes poluições trarão um cortejo de sofrimentos, fome, perda de qualidade e a ameaça  à própria sobrevivência.

NÃO SE TRATA de uma ameaça difusa jogada para algum dia. A humanidade caminha para o desastre cada vez mais próximo. Se a Terra morrer, também morrerás, diz uma canção do Padre Zezinho. Em vez do aborto, um parto dolorido, mas que traz vida nova. Cuidar da floresta é cuidar da vida.

AS RECENTES tragédiasenchentes e secas – têm muito a ver com o descaso do homem pela Terra, a sua casa. No primeiro capítulo da Bíblia, Deus confia ao homem o cuidado do Jardim Terreal. A tarefa não foi cumprida. Hoje a Teologia da Criação se apresenta com renovadas exigências. É velha, mas cada vez mais atual, a frase: Deus não se vinga nunca, os homens às vezes, a natureza sempre. Ou, Deus sempre perdoa, os homens às vezes, a natureza nunca.

QUANDO São Francisco de Assis (+226) compôs o Cântico das Criaturas, não se sabia o que era poluição, emissões de gases de efeito estufa, mudanças climáticas, chuvas tóxicas, desastres ambientais etc. Essas palavras e expressões que hoje fazem parte de nosso linguajar dão uma idéia de como o mundo mudou. E, nesse campo, mudou para pior. Muito melhor do que lamentar prejuízossociais, ecológicos e financeiros – é evitá-los. Isso se faz respeitando as leis da natureza.

+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
di.vianfs@ig.com.br

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