sexta-feira, 29 de julho de 2011

PREGAÇÃO DE DOM MURILO KRIEGER


Dom Murilo S.R.Krieger, scj – Arcebispo de São Salvador da Bahia
Catedral de Feira de Sant´Ana
26.07.11 – Abertura do Jubileu de Ouro da Diocese
Eclo 44,1.10-15; Sl 131; Rm 12,9-16; Mt 13,16-17.


1.      Aqui viemos para celebrar a Festa da Senhora Sant´Ana, Padroeira desta Catedral Metropolitana. Mas aqui estamos também por um outro motivo: hoje, o Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Feira de Santana, Dom Itamar Vian, abre o Ano Jubilar desta Arquidiocese – Ano Jubilar que terá seu momento máximo no dia 22 de julho do próximo ano. Para que entendamos a importância do dia de hoje, começarei respondendo a uma pergunta básica: O que é celebrar?
2.      Para o cristão, celebrar é voltar-se para o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a fonte de todos os bens. No caso concreto desta Arquidiocese, celebrar é reconhecer a ação do nosso Pai amoroso nesta Igreja Particular, seu amor e sua misericórdia ao longo das últimas cinco décadas.
3.      Celebrar é agradecer a este Pai querido por aquilo que realizou nos corações dos fieis e em toda a comunidade através de seus bispos: Dom Jackson Prado, Dom Silvério Albuquerque e Dom Itamar Vian. Esses meus irmãos procuraram apascentar com amor as ovelhinhas conquistas por Jesus - ovelhinhas que ele lhes confiou. 
4.      Celebrar é dizer a Deus que o povo desta Arquidiocese lhe é particularmente grato por inúmeros sacerdotes, diocesanos e religiosos, que consagraram sua vida para revelar a outros a sabedoria de Deus, seus mistérios, seus segredos.
5.      Celebrar é reconhecer que o Senhor agiu através de seus diáconos permanentes; de religiosos e religiosas que aqui viveram e vivem seus carismas; celebrar é oferecer a Deus a multidão de leigos e leigas que nestes cinquenta anos assumiram os mais diversos ministérios e desafios para construir esta Arquidiocese.
6.      Enfim, celebrar é louvar a Deus, que é rico em misericórdia, pelas inúmeras iniciativas pastorais que despertou no coração deste povo - iniciativas que tiveram por objetivo a busca da santificação de todos.
7.      A Arquidiocese de Feira de Santana decidiu celebrar um ano jubilar porque concluiu que um dia, uma semana ou um mês seriam insuficientes para que todos tomassem consciência das muitas graças recebidas, dos presentes divinos que se renovaram dia por dia e das inúmeras manifestações de amor da parte daquele que é a fonte de todos os bens. Ao longo deste ano jubilar, a Arquidiocese vai se sentir impelida a reconhecer humildemente que nem sempre soube corresponder aos dons recebidos. Por isso, o Ano Jubilar será também uma ocasião para que todos, como se fossem um só coração, saibam pedir perdão por aquilo que deveria ter sido feito e não foi, e pelo que poderia ter sido feito melhor. Com este ano jubilar, a Arquidiocese de Santana procurará deixar claro que tudo é de Deus e que esta Arquidiocese é propriedade do SENHOR.
8.      Aceitei o convite que Dom Itamar me fez para estar aqui na festa de Sant´Ana, na abertura deste Ano Jubilar, entre outros motivos, por um especial: quando foi criada a Diocese de Feira de Santana, todo o seu território foi desmembrado da Arquidiocese de São Salvador da Bahia. Além disso, até a elevação da Diocese de Sant´Ana à Arquidiocese, esta Igreja Particular pertencia à Província Eclesiástica de São Salvador da Bahia. Há, portanto, laços históricos muito fortes que nos unem.
9.      Ao ser criada, a então Diocese de Sant´Ana viu elevada à categoria de catedral este que já era consagrada a Sant´Ana, Mãe da Bem-aventurada Virgem Maria.  
10.  Por isso, a Liturgia de hoje contempla esta santa, ao lado de São Joaquim, seu esposo. A Palavra de Deus começou nos apresentando uma passagem do Eclesiástico que faz um elogio a pessoas famosas, fama que se deve tanto à sua misericórdia como a seus atos bondade. Antecipando a grandeza do neto que Sant´Ana teria, o autor diz: “seus próprios netos são a sua melhor herança”. Por isso, “seu nome dura através das gerações”. O autor deste livro, que teria vivido por volta de 200 aC, faz uma observação que nós, que aqui estamos, confirmamos ser atual: “Os povos proclamarão a sua sabedoria e a assembléia vai celebrar o seu louvor”.
11.  Por que proclamamos o louvor da Senhora Sant´Ana se o que dela sabemos não está na Bíblia, mas apenas em textos apócrifos? Podemos não ter dados bem elaborados a respeito da Senhora Sant´Ana, mas conhecemos o fruto de seu matrimônio com São Joaquim: Maria, sua filha. Segundo Jesus, conhecemos o valor de uma árvore pelos frutos que ela produz. De que casamento saiu um fruto tão extraordinário como o de Joaquim e Ana? Sem necessitar de muitas reflexões, concluímos: realmente, Deus deve ter preparado de forma muito carinhosa o coração daquela que deveria educar a Mãe de Seu Filho querido.
12.  A Liturgia aplica à Senhora Sant´Ana as características do amor na ótica do apóstolo Paulo: o amor de quem ama realmente a Deus é sincero, apegado ao bem, afetuoso, atencioso, zeloso, diligente, fervoroso, serviçal, alegre, perseverante na oração, hospitaleiro, capaz de fazer seus os sentimentos do outro etc. Não estão aqui alguns traços da personalidade daquela que esta Catedral venera como padroeira?
13.  Parafraseando o texto do Evangelho, fazemos nossas as palavras de Jesus e dizemos: Feliz é Sant´Ana, porque seus olhos viram o que Maria fazia e seus ouvidos ouviram a palavra daquela que mais tarde, impulsionada pelo Espírito Santo, cantaria o Magnificat. Sant´Ana pôde acompanhar de perto aquela que mereceu de Deus o mais belo elogio que alguém poderia receber: cheia de graça, isto é, tão rica da presença de Deus que não havia espaço para o pecado em seu coração.
14.  Hoje foi tocada nesta Arquidiocese a trombeta jubilar, convocando todos para uma grande celebração festiva – o jubileu desta Diocese, agora elevada à Arquidiocese. Observa-se, assim, o que lemos no livro do Levítico – isto é, a ordem dada pelo Senhor a Moisés, no alto do monte Sinai: “Fala aos israelitas e dize-lhes: Quando entrardes na terra que vos dou (...) contareis sete semanas de anos, ou seja, sete vezes sete anos, o que dará quarenta e nove anos. Então fareis soar a trombeta... Declarareis santo o quinquagésimo ano... Será para vós um jubileu!” (Lv 25,2.8 e 10). Jubileu lembrava júbilo, alegria, pois a trombeta que era usada em sua convocação era feita de chifre de carneiro – “yôbel”.
15.  Os jubileus serviam, pois, para recordar, de maneira especial, que Deus é o Senhor de tudo; que os bens deste mundo são para todos, e não apenas para alguns; e que é preciso converter-se, para viver em plenitude o plano de Deus.
16.  Tudo o que for feito ao longo deste ano jubilar – as ações de graças e os atos de louvor, as recordações históricas e as mais diversas celebrações – deverão ser uma maneira de se prepararem para ouvir as advertências do Senhor, dadas por ocasião da instituição do ano jubilar: “Teme a teu Deus. Pois eu, o SENHOR, sou vosso Deus. Cumpri minhas leis e observai meus decretos. Ponde-os em prática e vivereis seguros na terra” (Lv 25,17-18).
17.  Desejo-lhes justamente isso: que vivais seguros nesta Arquidiocese, dizendo ao SENHOR:
Bendito sejais, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, porque em vossa infinita bondade nos dais a graça de celebrar o cinquentenário de nossa Diocese. Os dons recebidos nos fazem lembrar a advertência de vosso Filho: “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8).
Como discípulos e missionários de Jesus Cristo, desejamos reconhecer sua presença na Palavra e na fração do Pão e, com alegria, proclamar: “Ele está no meio de nós!”
Queremos, Pai, fazer vossa vontade, sendo Povo Santo, Igreja diocesana, sinal do vosso amor na comunhão e na missão.
Na caminhada para vós, anima-nos a intercessão da Mãe do vosso Filho e a intercessão da Mãe de Maria, a Senhora Sant´Ana.
A vós, Pai, com o Filho e o Espírito Santo, honra e glória, louvor e gratidão, pelos séculos sem fim. Amém.      

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