terça-feira, 6 de dezembro de 2011

IGREJA E SEXO

 
Assumindo que o corpo é manifestação da pessoa, então há uma diferença essencial entre o homem e a mulher. Esta diferença sexual é determinante para que o homem se possa sentir diante de alguém que, embora “carne da mesma carne”, é diferente.
Devemos dizer que, se o corpo humano exprime a dimensão essencial da pessoa, é porque também ele é reflexo do amor criador. Logo, a diferença sexual, no plano divino, entra no âmbito da lógica do amor como oferta. Isto implica que a consciência da diferente corporeidade de homem e mulher, se, por um lado, conduz à mútua atracção, por outro lado, no plano de Deus, não tem nenhuma constrição e só se realiza plenamente na mútua doação. Não é uma “química” que escapa à liberdade da pessoa, para usar uma expressão que hoje alguns usam, mas fruto da vontade inteligente que encontra no outro aquele a quem se podem oferecer e com quem realizar uma nova unidade.

JESUS VAI CHEGAR, PREPARAI OS CAMINHOS PARA ELE!


Evangelho (Mc 1,1-8)

A pregação do Batista é uma advertência. Quando se levanta o pano profético divino: (O mensageiro vem à frente), pregado antes de João, pelos profetas, em especial Isaias. 

Aliás, é com este tema da espera que o Batista prepara sua pregação; se quisermos podemos ouvir a voz de alguém que proclama: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele” (Mc 1,3).

Então o batismo de João foi uma mensagem visual para os judeus, uma demonstração pública do arrependimento quando convertidos, eles passavam por uma mudança radical, no testemunho público, passando pelo banho ritual (lavar o corpo, repudiando os erros), reservado aos novos convertidos.

Amados, encontramos ainda hoje vários Batistas que preparam o cenário para a chegada (encarnação do Verbo) do natal. 

Naquele tempo, alguns julgavam que João era o verdadeiro Messias. Pois ele falava como os antigos profetas, dizendo que o homem deve sair do pecado para fugir dos castigos e voltar para Deus a fim de encontrar a misericórdia Divina.  Esta é em mensagem para todos os tempos e em todos os lugares. Assim, João proclamava-a com urgência. “Eu anuncio a vinda do Messias, Ele vai chegar”. Aconteceu que muita gente saia de todos os cantos para buscar em João o arrependimento de seus pacados, especialmento para ouvir a pregação da palavra de Deus. 

Irmãos, Como é que João atraia tantos homens e mulheres? Certamente denunciava os líderes religiosos e os políticos corruptos de sua época. João teve coragem, demonstrando um ato de valor (hoje um serviço de cidadania), que fascinava o povo.

Ao mesmo tempo, João não poupava palavras fortes para denunciar as autoridades corruptas de sua época. Eles deveriam arrepender-se de seus erros, confessar publicamente os seus pecados, uma vez arrependidos João os batizava no rio Jordão.

João Batista os fascinava. Eles entendiam a mensagem do autêntico arrependimento que João queria transmitir.

Um arrependimento que era algo mais que uma confissão de pecados. Era a proposta de um grande passo a frente no tempo; de fato, muitos testemunhos eram dados! 

Os convertidos e arrependidos acreditavam que apenas Deus poderia perdoar, e ao mesmo tempo, apagar definitivamente as dívidas (pecados).

Aos convertidos só lhes restavam:

. Afastar dos maus caminhos

. Ser batizado por João 

Dizia São Gregório Magno: “Não desaproveiteis este tempo de misericórdia oferecido por Deus”.

Amados, não estraguem este momento próprio [na vida] para nos fortalacer deste amor purificador que nos é oferecido, podemos dizer que o tempo do Advento começa agora, entre nós, para abrir caminhos novos.

Então estamos preparados? E agora amados, durante este advento, podemos nos direcionar aos caminhos de nosso Senhor? 

Queridos, podemos converter este tempo em um tempo para uma conversão mais autêntica? Em uma conversão mais penetrante em nossas vidas?

Irmãos, no tempo de João Ele pedia sinceridade aos novos convertidos e honestidade ao compromisso, abandonando-se totalmente na misericórdia Divina.

Ao fazê-los compromisso, João os ajudava a viver para Deus, a compreender que viver é a forma de lutar para liberdade em busca de novos caminhos, assumindo as virtudes Divinas e permitindo que a graça de Deus vivifique o espírito convertido com sua alegria.

“Arrependei-vos e sede batizados”! (Inseridos na vida).

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

“O Senhor vem”, ficai da vigia.

(Mc. 13,33-37)

O Evangelho nos coloca diante de uma certeza fundamental: “o Senhor vem”, ficai de vigia, a nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do Senhor que vem.
Irmãos, a espera não se trata de uma vaga esperança, mas de uma certeza baseada na palavra de Jesus. O tempo de Advento recorda à realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada nesta terra, Ela nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim.

Amados, o tempo do Advento é o também da espera do Senhor. O Evangelho de Marcos nos diz que devemos ter  está esperança… A palavra mágica é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação, a missão que Deus lhe confiou.
Ouvintes e leitores, estar “vigilante” não significa, contudo, preocupar-se em ter sempre a “alma” limpa para que a morte não o apanhe com pecados por perdoar; mas significa viver sempre ativos, empenhados, comprometidos na construção de um mundo novo e de uma vida fincada no amor e na paz. 

A espera, significa cumprir, com  coerência e sem meios termos, não se afastar dos compromissos assumidos no dia do batismo.
Amados, vigiar é ser  sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo. É dessa forma que devemos procurar viver em concreto. Estar “vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num mundo de alienações  e de egoísmos, deixando que sejam os outros a tomar as decisões por nós.

Amados, nós não devemos transferir para  os outros a escolher dos valores aos que em nosso nome  devem governar a humanidade, isto, significa não me demitir das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando me chamou à existência…
Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionadora no meio da sociedade dos comuns, levando-os ao confronta - mento com os valores do Evangelho, ter coragem de denunciar.

Amados, lutar de forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao seu lado… 

O Evangelho recomenda a “vigilância” aos “porteiros” da comunidade – isto é, a todos aqueles a quem é confiado o serviço de proteger a comunidade das invasões estranhas. 
Todos nós a quem foi confiado esse serviço, sentimos que somos instituídos “vigias” para cuidar com amor dos irmãos que Deus nos confiou. Não devemos nos afastar das nossas responsabilidades e deixar que o comodismo e a preguiça nos dominem. 

Amém, Deus seja louvado!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

4/13 O Corpo, sacramento da pessoa


O sexo é inerente ao corpo, porém, este não pode ser entendido como um aspecto exterior da pessoa à maneira do platonismo que o trata como um peso, nem na perspectiva materialista que o trata como o tudo da pessoa. Temos de falar do corpo na unidade complexa que constitui uma pessoa humana. Desde sempre o mistério do ser humano está no facto de ele ser como que uma criatura intermédia: como os animais vive num corpo, como os anjos louva a Deus. [6] Com frequência pensou-se nesta complexidade numa perspectiva dualista, mas alma e corpo não são duas partes do homem, são o mesmo ser, a mesma unidade complexa. Como diz Geiger, referindo-se a São Tomás, “o homem não é apenas uma alma espiritual, nem apenas o seu corpo. Ele é um ser composto de um corpo, como princípio material, e de uma alma, como princípio formal. A união destes dois princípios é imediata, pois assegura a existência de uma substância una e única, não apenas a união e a colaboração de dois seres.” [7] 

O actual Papa introduz uma maneira de olhar para o corpo que mostra a sua importância e faz ver como qualquer dos dualismos, o espiritualista e o materialista, são contrários à verdade do homem. Explica que “o homem é um sujeito não só pela sua autoconsciência e autodeterminação, mas também na base do próprio corpo. A estrutura deste corpo é tal que lhe permite ser autor de uma actividade explicitamente humana. Nesta actividade o corpo exprime a pessoa.” [8] 

Em síntese, se o homem é imagem e semelhança de Deus, se o homem é uma unidade composta, não é este ou aquele aspecto do homem, mas a unidade total que tem um sentido teológico, que espelha a Beleza e a Verdade de Deus. É possível e necessário, nesta perspectiva, falarmos de teologia do corpo, porque o Corpo é, na expressão do Papa, sacramento da Pessoa, ou seja, tudo no homem, na unidade que o constitui é chamado a tornar visível o Mistério invisível de Deus. [9] Qualquer falar sobre o sexo que não tivesse isto em conta teria dificuldade em perceber o seu significado. 

Podemos aqui introduzir uma primeira referência à virtude da castidade, pois o que com ela se pretende é, exactamente, afirmar que tudo o que se refere ao sexo, assim como tudo o que se refere a qualquer aspecto do homem, só tem sentido quando tem em conta a dignidade e a totalidade da pessoa. [10]

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

SEXO E IGREJA – CAPÍTULO TERCEIRO

A Pessoa Humana: Imagem de Deus
“Deus criou, homem e mulher Ele os criou”

“Deus disse: façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra. Deus criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus Ele os criou: homem e mulher Ele os criou” (Gen 1, 26-27).
Desde sempre, a Igreja aprendeu que para saber o que é o homem se deve partir do que Deus diz sobre ele. Contamos com tudo o que a razão, através das múltiplas ciências vai descobrindo, mas o sentido último, esse, só o Criador pode dar.
No relato da Criação, quando nos é dito que tudo vem de Deus e nos é indicado, pelo menos em parte importante, o que Deus quer de cada criatura, encontramos uma base para falar do homem e da mulher, do que cada um é e da relação entre eles. Contudo, a Igreja também acredita que tudo o que o homem é só se torna claro no homem Jesus de Nazaré. “Ele é a Imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a Criatura” (Col 1, 15).
Como diz o Concílio Vaticano II, numa frase que o actual Papa não cessa de repetir: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efectivamente figura do futuro, isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime” (GS 22).
O método cristão é o de ler o relato do livro do Génesis através da fé em Jesus. Assim, podemos retirar três grandes afirmações:
a)         O homem foi criado na sequência de toda a natureza, mas para a dominar, com a capacidade de conhecer e de querer, donde se conclui que, embora verdadeiro membro da realidade física, ele é-lhe superior, como indica o facto de Adão dar o nome aos animais;
b)         Criada à imagem e semelhança de Deus, a pessoa humana tem com Deus uma relação especial. Uma relação de tal maneira única que podemos dizer que o homem é um ser essencialmente diferente das outras criaturas.
c)         A criação do homem não está completa na criação do indivíduo. Só na criação da mulher, outro mas do mesmo nível, igualmente indivíduo acima dos animais e com uma relação especial com Deus, com quem pode haver uma verdadeira comunhão, se pode considerar a criação completa. (É indicação inequívoca disto mesmo quanto é dito no segundo capítulo do Livro do Génesis: “não é bom que o homem esteja só! (...) agora sim esta é verdadeiramente carne da minha carne e osso dos meus ossos”) [4].
Isto significa, antes de mais, que o homem não se compreende a si mesmo se não se entender como criatura dependente de Deus, embora distinta das outras criaturas. Por outras palavras, embora cada indivíduo humano seja uma criatura física, parte integrante do mundo material, não é a partir de um modelo terreno, mas divino que o homem se compreende. É, por isso, impossível reduzir o homem ao “mundo”, para usar uma expressão do Papa João Paulo II [5], e é redutor tratar do homem como simples animal racional.

Para reflitia a luz da palavra anunciada:
Você valoriza seu corpo como obra do criador?
Você como namorado (a) tem planejado sua vida sexual (matrimonial), para constituir família?
Qual é a importância do sexo responsável (marido e mulher) na sua vida social, como geradores de filhos?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

REAVIVAR O CRISTIANISMO


Cuidado, Jesus contesta nosso cristianismo feito apenas de palavras, porém vazio de conteúdo, sem nenhuma ação, e nos conclama a reavivá-lo.

Efetivamente, com demasiada frequência, a vida que levamos ao longo da semana desmente nossas domingueiras profissões de fé; nossas ações contradizem o batismo que um dia recebemos; muitos dos sins que falamos a Deus e aos nossos semelhantes não passam de nãos mascarados.

Mas, afinal, que valor tem um cristianismo feito de falsos sins e de promessas não mantidas? E para que servem as nossas discussões acerca da caridade e do amor cristão, incapazes de reverter a situação de miséria, injustiça e violência em que a sociedade continua se debatendo?

É justamente aquele tipo de cristianismo estéril e sem incidência na sociedade de hoje que Jesus denuncia. Ao mesmo tempo, é um cristianismo fecundo em obras, ações e gestos de amor gratuito que ele quer exaltar e promover.

Quanto a nós, sobra-nos o compromisso de aposentar ou enterrar de vez o assim chamado “cristianismo declamatório”, cujos admiradores passam a vida louvando a beleza do evangelho, criando poesias e comparando músicas, porém nada fazem para passar da declamação à ação, a fim de transformar a dura realidade em que vivemos.

Alguém disse que o verdadeiro cristianismo requer um décimo de inspiração e nove décimos de transpiração. Em outros termos, um décimo de oração e nove décimos de suor.

Quase ninguém respeita a tabelinha acima. No entanto, um pouco de contemplação multiplicaria nossas forças, ajudar-nos-ia a sair do clube dos que “dizem e não fazem” e nos inseriria entre aqueles que “não dizem, mas fazem”. Nesse caso, com certeza o mundo seria muito melhor.

Pe. Virgílio, ssp